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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Padrão Dragão da Portieux em Carnival Glass

Em Julho desse ano, eu escrevi uma publicação onde eu questionava se a Esberard Rio havia utilizado os moldes, ou ao menos se inspirado, da Vallérysthal & Portieux em sua produção no Brasil.

Com a ajuda de Glen Thistlewood acabamos descobrindo que algumas peças da Esberard tinham mais conexões com a portuguesa Marinha Grande do que com a empresa francesa.

Mas, uma dúvida persistiu.

E o famoso padrão "Dragão da Portieux" em Carnival Glass?

Pois bem, o mistério será solucionado hoje!


Mas antes, vamos esclarecer o nome do padrão.

No catálogo de 1914 da Portieux esse padrão aparece com o nome de Chimères, Quimeras.
No Brasil esse padrão é conhecido por colecionadores como Dragão, ou ainda como Dragão da Portieux.
O nome Quimeras, simplesmente não pegou.
Se você perguntar para qualquer pessoa que coleciona ou vende antiguidades sobre o nome desse padrão, a resposta será "Dragão".

Agora voltando para as peças.

Vamos fazer uma comparação entre uma travessa Dragão  em Carnival Glass e outra em vidro transparente.



O "Dragão" em detalhe:



O fundo das peças:



E uma vista de cima das travessas:



Sim, as duas travessas são iguais, portanto fabricadas pela mesma empresa...

Será?

A dúvida que eu levantei é que até onde se sabia, a Vallérysthal & Portieux não produziu Carnival Glass.

E não produziu mesmo!

Vejam a marca "Portieux" gravada na peça transparente:


E a marca gravada na outra peça:



Sim! A Dragão da Portieux em Carnival Glass, na verdade, foi produzida pela Esberard Rio!

Muitas peças encontradas no Brasil são atribuidas à Portieux.

Pois bem, se a peça tiver a marca gravada no vidro, é óbvio que não temos o que questionar.
Porém se essa marca não estiver presente, não podemos afirmar que a peça seja francesa, ela pode ter
sido produzida pela Esberard, peça brasileira e carioca!

Mistério solucionado!

E essa foi a última publicação de 2016, um ano que acreditávamos que seria melhor que 2015 mas que pelo que parece não foi bem assim...

Meu desejo de um excelente final de ano para todos!
Boas festas!
E vamos esperar que 2017 seja de fato um ano de mudanças para o Brasil e para cada um de nós!



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Vasos Carnival Glass - Parte 2

No mês passado, outubro, eu não fiz nenhuma publicação no blog.
O motivo vocês irão saber no final dessa segunda parte sobre vasos carnival glass.

O primeiro vaso que eu quero apresentar é conhecido como Fircone (pinha), e a história dele além de interessante acaba nos levando aos outros dois vasos que fazem parte dessa postagem




Quem nos conta a história do Fircone é o casasl Thistlewood em seu site.

O molde original desse vaso foi feito para a francesa Coty, indústria de cosméticos, e adquirido pela também francesa Saint Gobain.

Os vasos produzidos na Europa possuem as palavras "Coty" e "France" gravadas, como é o caso desse meu vaso.


Há alguns anos, vários exemplares desses vasos acabaram sendo encontrados no Brasil, alguns com as palavras "Coty" e "France" gravados, outros, além de não possuírem as palavras gravadas possuíam o gargalo do vaso um pouco mais prolongado.

Como esses vasos acabaram aparecendo no Brasil?

Acontece que nas décadas de 1950/1960 a Saint Gobain compra a empresa brasileira Santa Marina, aquela dos famosos "Duralex" e "Marinex".

Teria a Santa Marina produzido carnival glass no Brasil?

A dúvida ficará maior quando eu falar dos próximos dois vasos...

Um outro vaso fácil de ser encontrado no Brasil é o Aztec Headdress (Cocar Asteca).



Inicialmente acreditava-se que ele era de fabricação argentina.
Acontece que, dificilmente ele é encontrado na Argentina enquanto que no Brasil é comum encontrá-lo em sites de negociação, antiquários e leilões.
Portanto, uma pequena confusão, um vaso brasileiro com um nome mexicano e supostamente produzido na argentina...

Quanto ao nome "Cocar Asteca", eu realmente acho que o formato, junto com o padrão de decoração lembram um cocar, mas não asteca, e sim um cocar de alguma alegoria de escola de samba.



Mas infelizmente esse é o nome como ele é conhecido por colecionadores de outros países, portanto não é possível modificar.

Não faz muito tempo, eu acabei comprando um vaso que me chamou muito a atenção.


Inicialmente, achei que os frutos alongados que aparecem na decoração poderiam representar as flores do Cipó de São João, planta trepadeira muito comum no Brasil.


O problema é que as folhas do Cipó de São João são diferentes das folhas que aparecem no vaso.
As folhas do padrão do vaso parecem ser folhas de alguma videira ou talvez de alguma outra fruta que lembre um pé de uva.

Procurei em livros de jardinagem, entrei em contato com grupos de botânicos na internet, e a única planta que lembra o padrão do vaso é uma uva que começou a ser cultivada no Brasil a partir de 2010, a uva Dedo de Moça, Sweet Sapphire, em inglês.

Claro que a decoração  não pode representar essa uva, afinal de contas o vaso é do século passado.
Mas como essa uva foi a que mais pode ser identificada com o padrão, vamos dar esse nome ao padrão, Vaso Uva Dedo de Moça (Lady's Finger Vase).


O que me intriga nesses três vasos é que eles possuem características em comum.

Primeiro a borda.
Basta reparar que nos três casos ela não possui iridescência e é em formato de ondas.

A borda do Fircone:


A borda do Cocar Asteca:


E a borda do Uva Dedo de Moça:


Além da borda, os três vasos possuem uma certa textura no vidro.
Parece que ele foi levemente martelado.
Efeito bem peculiar e que eu nunca encontrei em outras peças produzidas no Brasil


A iridescência do Fircone é mais queimada, mas vale lembrar que esse Fircone não é o brasileiro.

Os três vasos possuem uma base elevada, circular e côncava.


Voltemos à minha pergunta.
Teria a Santa Marina produzido carnival glass no Brasil?

Será que o molde do Fircone teria instigado a produção dos outros dois vasos na década de 1960?

Em 2010/2011 a Nadir Figueiredo, fabricante do famoso "copo americano" comprou a Santa Marina.

No ano passado eu tentei entrar em contato com a Nadir Figueiredo para saber se eles mantém algum setor de memória/história.

Não obtive retorno...

No dia 13 do mês passado, entrei novamente em contato com o SAC da Nadir Figueiredo.
Dessa vez eles me retornaram pedindo que eu fornecesse um número de telefone , um dia e um melhor horário para contato.

Após fornecer os dados fiquei aguardando.

Dias depois do combinado, mais precisamente no dia 18, recebi um e-mail com os seguintes dizeres:

"Boa tarde, Claudio!

Atualmente, como você deve saber, a marca Santa Marina pertence à Nadir Figueiredo. Nós não temos registro de peças em faiança produzidas ao longo da nossa história e, consequentemente, não podemos auxiliá-lo na busca pela marca correspondente à peça que possui.

Para mais esclarecimentos, não hesite em nos procurar pelo 0800 163 646, de segunda a sexta, das 08 às 18 horas."

Retornei o e-mail, explicando que o motivo do meu contato era sobre vidro e não faiança, na verdade nem sei de onde tiraram a idéia de que eu queria saber sobre a faiança feita pela Nadir.
Forneci links de minhas publicações e também de publicações de colegas no exterior.
Solicitei que encaminhassem meu e-mail para algum diretor da empresa, ou alguém com mais tempo de trabalho, alguém que pudesse me dar uma luz...

E desde então tenho aguardado...

Nenhuma resposta.

Infelizmente essa é a realidade no Brasil.
Já comentei aqui inúmeras vezes, é uma pena como nossas empresas, que foram tão importantes para construir a história de nosso país deixem a sua memória se perder no tempo, sem nenhum registro, sem nenhuma informação.

Apenas mais uma empresa que existiu no Brasil.

Bem, esse é o motivo pelo qual fiquei aguardando mais de um mês para escrever essa postagem.

Mas aqui está ela, com mais três vasos carnival glass muito bonitos, com características comuns e quem sabe um dia poderemos descobrir mais informações sobre eles!

Um grande abraço para todos, e até a próxima!

sábado, 17 de setembro de 2016

Carnival Glass, alguns padrões de decoração.

Quando eu criei o Do Tempo do Guaraná de Rolha a intenção era apenas a de deixar registrado, por motivos familiares, algumas peças antigas que eu havia adquirido ao longo dos anos.

Cinco anos se passaram, o motivo inicial não existe mais, me aventurei pelo mundo do carnival glass, acabei conhecendo pessoas no Brasil e em outros países que também apreciam antiguidades, criei um site para catalogar minhas peças, estudei e ainda procuro estudar o máximo que posso para cada vez tentar conhecer um pouco mais.

Ou seja, aqui estou eu, feliz, comemorando mais um aniversário do blog!

E para essa comemoração ficar completa, vou falar um pouco sobre alguns padrões usados na decoração de vidro moldado, e claro que para ilustrar, nada melhor do que peças Carnival Glass.

Resolvi usar apenas Carnival Glass americano, pois acho que a criatividade americana usada em alguns padrões é inquestionável.

Vamos começar com as flores, afinal de contas flores sempre enfeitaram muito bem qualquer peça de decoração.

Um centro de mesa em forma de tigela com padrão conhecido por Open Rose e produzido pela Imperial.



Não só rosas abertas fazem parte do padrão, mas também alguns botões prestes a abrirem.


Flores também aparecem na parte externa da peça.


E que tal usar flores com alguma paisagem ao fundo?
É o que acontece com o padrão Chrysanthemum, da Fenton.



Em primeiro plano crisântemos, claro.


Ao fundo, um cenário que pode ser uma lagoa ou um pedaço de mar.
Para completar o cenário, um moinho de vento, coníferas, dois veleiros, uma construção que parece ser uma pequena igreja e pequenas nuvens no céu.


Três pés-bola apoiam a peça.


No padrão Double Dutch, da Imperial, não temos flores, apenas um bucólico cenário cheio de detalhes.



Dois moinhos de vento, árvores, cerca e um pescador em sua pequena canoa.




Na parte externa, uma faixa florida deixa a peça ainda mais bonita.



E porque não juntar as flores com algum animal mítico?
É isso que a Fenton fez no padrão Dragon and Lotus.



Como o próprio nome diz, dragões e flores de lótus se alternam para decorar a peça.


No centro,  flores e penas de pavão.


Base circular, cor lilás.


Horse Medallion é um outro padrão da Fenton que usa animais na decoração.



Cinco medalhões de cavalos..


Cor lilás, três pés-bola e parte externa facetada em pétalas.



Claro que não podiam faltar as frutas.
E entre cerejas, maçãs e morangos, talvez a fruta mais usada tenha sido a uva.
É o caso do padrão Grapes and Cable da Northwood.



A Fenton também produziu o Grapes and Cable, e para saber a qual empresa os cachos de uva pertencem, basta contar a quantidade de uvas na primeira fileira.

No padrão da Northwood a fileira possui cinco uvas, enquanto no da Fenton a fileira possui apenas quatro.


Parte externa plissada, cor verde.


Já que estamos falando de uvas, vamos juntar uvas e pavões no padrão Peacock and Grape da Fenton.



Oito pétalas com pavões e cachos de uva se alternando.


O pé é conhecido como "pé espátula".


São padrões para todos os gostos!

E é por isso que colecionar Carnival Glass é algo interessante e estimulante.
Além da beleza das peças, é possível  escolher entre cores, formatos, origem, decoração, etc.

Essa foi a publicação para comemorar o aniversário do Do Tempo do Guaraná de Rolha!
Além da publicação, temos uma pequena mudança no layout do blog, afinal, depois de 5 anos, algumas mudanças são sempre bem vindas.

Abraços para todos, e até o próximo mês!