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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Cerâmica Esberard - Folha de Couve

 Setembro é o mês de aniversário do blog Do Tempo do Guaraná de Rolha!

E para comemorar essa data, vamos sair um pouco dos vidros carnival glass e apresentar uma louça.

Mas não é fugir totalmente, pois a louça da qual vou falar foi produzida pela maior indústria que já fabricou carnival glass no Brasil, a Esberard.


Um pouco de história que acabei descobrindo nas minhas pesquisas sobre a fabricação de vidro no Brasil:


Por volta de 1838, Bernardo Esberard, um francês natural de Marselha, instalou em Vila Inhomirim, atual distrito de Magé no estado do Rio de Janeiro, uma cerâmica.

Vila Inhomirim foi escolhida por causa da qualidade do barro encontrado na região. 

Mas a malária acabou vitimando dois amigos, também franceses, e o próprio Sr. Bernardo, o que fez ele abandonar Vila Inhomirim e instalar uma fábrica de louças na rua General Bruce, no bairro de São Cristovão, na cidade do Rio de Janeiro.



Além da Fábrica de Vidros, A Rua General Bruce era o endereço da Cerâmica Esberard

A primeira talha de água do Brasil foi fabricada pela empresa do Sr. Bernardo Esberard, que também manufaturava objetos de uso comum tais como moringas, copos, panelas e vasos.

Na década de 1870, com a morte de Bernardo Esberard, quem assume a fábrica de louças é seu filho, Antônio Francisco Maria Esberard, o também fundador da Fábrica de Vidros e Crystaes do Brasil, mais conhecida como Esberard Rio.

Não é possível datar até quando a Cerâmica Esberard esteve ativa, mas nas minhas pesquisas eu encontrei menção à fábrica em periódicos da década de 1920.


Agora sim, a louça Esberard!

No mês de Agosto, aconteceu no Rio de Janeiro o leilão Acervo Brasil, que para minha surpresa colocou em pregão dois lotes com 3 peças da Cerâmica Esberard.

O primeiro lote era composto por duas tigelas Folha de Couve, cada uma medindo 13,0 cm de altura por 22,0 cm de diâmetro.




E a marcação e comprovação F. A. M. Esberard (Francisco Antônio Maria Esberard)), S. Christovão, R. de Janeiro.

Se levarmos em conta as reformas ortográficas da língua portuguesa, e São Cristovão escrito com "Ch", podemos dizer que as peças foram produzidas antes de 1911.




O segundo lote era composto pela terceira peça, também uma folha de couve, mas com dimensões maiores, 19, cm de altura por 34,0 cm de diâmetro.




A inspiração para essas peças, acho que não deixa dúvidas, Bordallo Pinheiro, Caldas da Rainha, Portugal.

A marca na peça maior:


Quem adquiriu os lotes, adquiriu uma parte do início da história de uma das maiores indústrias brasileiras dos séculos XIX e XX.

Todas as fotos das peças, gentilmente cedidas  por Monique e Eusébio, do Acervo Brasil, que você pode contactar em @acervobrasilleiloes ou clicando aqui e acessando o site!

Meus sinceros agradecimentos por permitir que eu mostrasse e contasse essa parte da nossa história!

Imagem do mapa da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, Ivo Korytowsky.


E essa foi a publicação comemorativa desse 9 anos do Do Tempo do Guaraná de Rolha!

Que venham mais nove anos pela frente! Assunto é que não falta!