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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O dilema de Dona Antônia

Antes de começar a publicação de hoje, preciso agradecer a participação de um amigo de Juiz de Fora, Álvaro Henrique Nicolau Aguiar, colecionador e vendedor, que forneceu informações detalhadas e interessantes sobre as peças de hoje.

Hoje, não vou mostrar uma única peça. São várias, com a mesma decoração, e talvez a decoração mais fácil de se encontrar em antiquários e sites de vendas.

Conhecida em algumas regiões brasileiras por "lágrima" e em outras por "gota", temos peças de vários formatos, tamanhos e cores.

Prato para bolo, compoteira aberta, compoteira fechada com seu respectivo presentoir.


Nas cores fogo (marigold), azul turquesa e transparente. Claro que essas são apenas cores que eu possuo. Provavelmente existam outras cores disponíveis.
De todas elas, a que mais se destaca é a compoteira fechada de pé baixo, que também é conhecida por "gota gorda", provavelmente por ela ser mais baixa e mais robusta, e também por "Dona Antônia" cuja origem do nome é um mistério.
A base da Dona Antônia possui decoração externa, a tampa possui decoração interna, e o prato de apoio, chamado de presentoir possui a decoração na parte inferior.
É possível reparar que a base da Dona Antônia e o prato de bolo são do mesmo molde.
O "dilema" da Dona Antônia é, qual o fabricante brasileiro que produziu essa peça no século passado?

A suspeita é que esse padrão era usado inicialmente pela Esberard Rio, e depois foi adquirido por uma fábrica chamada Guarani.

Informações que até o momento não podem ser confirmadas com exatidão, pois são informações passadas de boca em boca ao longo dos anos.

Mas alguns detalhes curiosos levantam a suspeita da veracidade dos fatos.

Eu encontrei informações em livros e em trabalhos acadêmicos de que existiu, no Rio de Janeiro, uma fábrica de vidros com o nome Guarani.
Informações técnicas sobre a fábrica, nenhuma sobre sua produção.

Outros fatos que existem são visíveis nas peças Dona Antônia. Veja as fotos abaixo:

Duas bases da Dona Antônia, as duas são da mesma cor, fogo (marigold). Porém a da esquerda possui uma iridescência mais alaranjada enquanto a da direita é mais amarronzada, ou como diria meu amigo Edward Freire, mais "queimada".

Além da iridescência, o fundo da amarronzada  é formado por raios concêntricos que chegam até a borda do pé, enquanto que a alaranjada possui raios concêntricos que terminam antes de chegar à borda.

De acordo com essas características, acredita-se que a Dona Antônia da esquerda foi produzida pela Esberard Rio, antes da década de 50, e a Dona Antônia da direita foi produzida pela Guarani entre as décadas de 50 e 60.

Como eu disse, são informações passadas por colecionadores e vendedores ao longo de muitos anos, a veracidade não está comprovada.

Mas quem sabe, algum dia, alguém, por algum acaso, descubra algum documento, livro, informativo, catálogo, revista, jornal, sei lá, alguma forma de comprovar e resolver o dilema de Dona Antônia?

Por enquanto, vamos apenas colecionar e apreciar os encantos dessas peças.

Um comentário:

  1. C.Deveikis

    Incansável como sempre.

    Essas diferenças e variantes é que dão um motivo ao colecionador ou apreciador de peças de época.

    Pena que haja tanta "China" que copia até a si mesma no que tem de tão interessante. Ha´casos fáceis de distinguir entre cópia e copiado e casos insolúveis ao olho nu. Compoteiras e mantegueiras inundam os departamentos de utensílios de vidro.

    Mas quanto do que apreciamos hoje foram simples cópias de um original pirateado...?

    Quanto às cores. penso que sejam muitas, muitas mesmo. E algumas bem raras certamente,

    Um abraço.

    ab

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