Setembro é o mês de aniversário do blog Do Tempo do Guaraná de Rolha!
E para comemorar essa data, vamos sair um pouco dos vidros carnival glass e apresentar uma louça.
Mas não é fugir totalmente, pois a louça da qual vou falar foi produzida pela maior indústria que já fabricou carnival glass no Brasil, a Esberard.
Por volta de 1838, Bernardo Esberard, um francês natural de Marselha, instalou em Vila Inhomirim, atual distrito de Magé no estado do Rio de Janeiro, uma cerâmica.
Vila Inhomirim foi escolhida por causa da qualidade do barro encontrado na região.
Mas a malária acabou vitimando dois amigos, também franceses, e o próprio Sr. Bernardo, o que fez ele abandonar Vila Inhomirim e instalar uma fábrica de louças na rua General Bruce, no bairro de São Cristovão, na cidade do Rio de Janeiro.
A primeira talha de água do Brasil foi fabricada pela empresa do Sr. Bernardo Esberard, que também manufaturava objetos de uso comum tais como moringas, copos, panelas e vasos.
Na década de 1870, com a morte de Bernardo Esberard, quem assume a fábrica de louças é seu filho, Antônio Francisco Maria Esberard, o também fundador da Fábrica de Vidros e Crystaes do Brasil, mais conhecida como Esberard Rio.
Não é possível datar até quando a Cerâmica Esberard esteve ativa, mas nas minhas pesquisas eu encontrei menção à fábrica em periódicos da década de 1920.
Agora sim, a louça Esberard!
No mês de Agosto, aconteceu no Rio de Janeiro o leilão Acervo Brasil, que para minha surpresa colocou em pregão dois lotes com 3 peças da Cerâmica Esberard.
O primeiro lote era composto por duas tigelas Folha de Couve, cada uma medindo 13,0 cm de altura por 22,0 cm de diâmetro.
Se levarmos em conta as reformas ortográficas da língua portuguesa, e São Cristovão escrito com "Ch", podemos dizer que as peças foram produzidas antes de 1911.
O segundo lote era composto pela terceira peça, também uma folha de couve, mas com dimensões maiores, 19, cm de altura por 34,0 cm de diâmetro.
A inspiração para essas peças, acho que não deixa dúvidas, Bordallo Pinheiro, Caldas da Rainha, Portugal.
A marca na peça maior:
Quem adquiriu os lotes, adquiriu uma parte do início da história de uma das maiores indústrias brasileiras dos séculos XIX e XX.
Todas as fotos das peças, gentilmente cedidas por Monique e Eusébio, do Acervo Brasil, que você pode contactar em @acervobrasilleiloes ou clicando aqui e acessando o site!
Meus sinceros agradecimentos por permitir que eu mostrasse e contasse essa parte da nossa história!
Imagem do mapa da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, Ivo Korytowsky.
E essa foi a publicação comemorativa desse 9 anos do Do Tempo do Guaraná de Rolha!
Que venham mais nove anos pela frente! Assunto é que não falta!
Olá Cláudio!
ResponderExcluirAchei mais interessante fazer meu comentário aqui, onde todos podem participar.
Concordo plenamente que a "inspiração" para as peças foram Bordallo Pinheiro. Outra fábrica do sul do país, na virada do século, também usou dessa "inspiração", rs.
Estava vendo um anúncio deles de 1911, e por acaso ainda usavam como grafia "S. Christovão", podem ter demorado a mudar, sempre há uma resistência a estas mudanças da ortografia, ainda mais quando implica em gastos.
O Antônio Francisco Maria Esberard morreu aos 86 anos em 31/1/1922. Curiosamente, o filho dele, Alfredo Esberard morreu no mesmo dia, mais cedo. Seus outros dois filhos, João e Etienne, que em teoria iriam continuar os negócios. Será que a Fábrica resistiu muito além disso sem seu emblemático diretor?
Olá Fábio!
ExcluirFico muito contente em ver seu comentário publicado aqui no blog! Muito obrigado!
Ao longo de 2019 eu fiz grande pesquisa sobre a Esberard.
Confrontei informações estre periódicos e cheguei a descobrir que algumas informações que as pessoas julgam verdadeiras, são falsas...
Essa pesquisa está publicada no site Carnival Glass Worldwide, e pode ser lida no link abaixo. Em breve pretendo disponibilizar o texto em português aqui no blog.
https://www.carnivalglassworldwide.com/esberard-by-claudio-deveikis.html
Mais uma vez, muito obrigado pelo seu comentário!
Boa tarde! As peças que vc anuncia aqui estão a venda? Tenho grande interesse em peças de porcelana
ResponderExcluirVitória, dependendo da peça, sim ela pode estar a venda.
ExcluirAchei super interessante ,pois nas minhas pesquisas sobre minha família cheguei na história da fábrica pois a Amélia Gassier Esberard casada com o comendador Francisco vem a ser miha parente seu nome de solteira era Amélie Corseuil Gassier sobrinha de Edouard Corseuil ,Corseuil é meu nome de família e Amélie faz parte dela.
ResponderExcluirEu vi a nomeação de uma professora Amélia Gassier numa publicação, Instrução de Ensino, de 1872. Por essa época vivia no Recife um Alfredo Gassier, da Normandia. Não sei se tem parentesco. No blog Jornal da Grande Natal cito o Gassier do Pernambuco numa série.
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